quinta-feira, 6 de junho de 2019

#Backstages ep.1 : À conversa com... Carlos Duarte Sabino



O principal objetivo desta rúbrica é dar a conhecer as caras, a maioria das vezes anónimas, mas que nos seus clubes são uma referência e que dado ao seu trabalho, faz com que essa entidade continue, muitas vezes, de portas abertas e por outro lado, com essa "carolice" e um amor tão grande pelo clube e pela modalidade desejam apenas que outras pessoas e que neste caso preciso, dar oportunidade às camadas mais jovens para vivenciarem algo tão enriquecedor.

Quisemos falar com Carlos Duarte Sabino, ele que foi até à pouco tempo atleta de trail, mas também já foi presidente, responsável pela equipa sénior, treinador do escalão de traquinas, vogal, secretário, vice-presidente do Clube de Futebol "Os Avisenses". Atualmente é o tesoureiro mas continua a ajudar em Off onde fizer falta. 

1- Vozes do Futsal: Como entrou "Os Avisenses" na sua vida?

Carlos Sabino: "Os Avisenses" entraram na minha vida muito cedo, desde criança, o meu Avô era quem tratava do campo de futebol, treinava equipas e era o contínuo da sede daí que desde cedo comecei a identificar-me com o gosto pelo desporto e pelo clube e foi onde comecei a jogar futebol embora um pouco tarde no escalão de iniciados mas já praticava atletismo pelos Avisenses.
Adorava ir à sede do clube ter com o avô onde se juntavam várias gerações a praticar bilhar, cartas, ping-pong e onde iam os meus ídolos (equipa sénior)."

2- VF: Como referiu na pergunta anterior que o avis é o clube do seu coração.. Por esse mesmo motivo é difícil cortar o "cordão umbilical"?


CS: "Não é difícil! para mim é impossível ! foi o que me levou juntamente com outros colegas a tentar reerguer o clube após dez anos com a porta fechada. Deixei de jogar e tive mais tempo para refletir na falta que faz aos nossos jovens ter uma referência desportiva local e na total ausência de atividade desportiva por parte dos mesmos, na sorte que tive enquanto jovem de ter essa possibilidade que entretanto tinha sido retirada às gerações seguintes.".


3- VF: Em relação ao futsal... Quando foram os primeiros passos?

CS: "Desde cedo, sempre que tinha oportunidade tentava juntar-me aos mais velhos e ir a torneios de verão e foi assim até aos 17, praticava fut11, mas em Avis não havia formação ou não era suficiente e joguei sempre fora do nosso concelho com excepção ao ano de iniciado que fiz pelo clube, mas não teve continuidade...futsal só na pausa das épocas até porque na altura a modalidade era vista como tal- de verão- até que em 2001 uma associação local resolveu entrar no campeonato distrital de Portalegre e não hesitei em voltar a jogar em Avis, mesmo que fosse uma modalidade que me era um pouco estranha mas que depressa aprendi a gostar até que ficou até hoje. Nas duas épocas seguintes "os Avisenses" resolveu iniciar a modalidade e dei continuidade desta vez pelo meu clube de coração.".

4- VF: Em relação a modalidade.. Quais a diferenças que vê entre a prática quando iniciou a jogar e agora? Em termos de postura, mentalidades e entrega

CS: "Penso que quando iniciei havia maior entrega ao jogo e aos clubes, hoje são poucos os casos em que a dedicação e o esforço expressam o amor ao clube da terra. A mentalidade em certos aspectos evoluiu no sentido de uma maior aposta na modalidade como casos do Elétrico FC e especialmente na formação tendo como caso de exemplo a UDC Sousel que tem feito um trabalho brilhante na formação de atlelas em todos os escalões da modalidade, algo que na altura não me recordo existir. A nível mediático hoje a exposição é muito maior pelo percurso que esta fez a nível nacional com reflexo nas prestações da nossa seleção e pelos grandes clubes portugueses. Temos mais meios de promoção e divulgação do nosso futsal como as redes sociais mas a nível distrital penso que não estamos a caminhar no rumo correto pois a falta de aposta na modalidade por parte da maioria dos clubes não permite a evolução desejada do nosso futsal, poucos clubes na formação e não vejo incentivo real para inverter a tendência. A nível feminino também penso que poderíamos fazer muito mais e nesse aspeto tenho que realçar o trabalho que tem vindo a ser feito pelo AC Fronteirense e pelo Tiago Rasquete que persiste e bem no trabalho que tem vindo a desenvolver.".

5- VF: Acha que a prática de uma modalidade em geral permitirá a que uma criança ou uma geração seja menos propicia a maus caminhos?

CS: "Pessoalmente acho que sim, há valores coletivos e individuais que se tentam incutir que melhor os ajudarão a crescer enquanto atletas, indivíduos e cidadãos. O espirito de entreajuda e apoio aos colegas bem como o respeito pelos adversários e o trabalho conjunto para atingir um objetivo dentro de regras básicas e conceitos como humildade e perseverança penso, que fazem muita diferença e deixa-os mais afastados de comportamentos que consideremos errados, concerteza pelo menos criarão alguma reflexão na hora de optar ou não por outros caminhos. É um caminho que com o devido apoio familiar concerteza os levará a bom porto nos mais variados aspetos e não apenas desportivamente.".

6- VF: Tendo em conta que é responsável por um escalão de formação, quais os benefícios que vê na integração de crianças nesta modalidade e tão novas?

CS: "Na minha opinião o início da atividade na modalidade pressupõe que quanto mais cedo a criança começar o contacto com a modalidade mais capacidades e características específicas à mesma irá aprender e lhe disponibilizará um maior leque de soluções que mais tarde terá à sua disposição. Nestas idades não devem apenas restringir-se a uma modalidade e se possível praticar desporto em diversidade pois tudo irá acrescentar algo ao seu desenvolvimento. Os nossos meninos hoje apesar dos ídolos serem do futebol já preferem esta modalidade ao futebol que também praticam nos encontros de Futalegre. Tenho certeza que no futuro olharão para o futsal como a sua modalidade ou uma das suas modalidades de eleição. Talvez seja este o caminho...não sei, mas gosto do que vejo neles e certamente no futuro iremos ter bastantes nas várias etapas da formação até seniores no futsal aqui ou em outro clube qualquer.".
7- VF: Em relação ao mediatismo que há... O que deveria ser feito para evoluir a modalidade?

CS: "Por exemplo o trabalho que está a ser feito por vós "VOZES FUTSAL", existem também alguns blogues interessantes mas que pelo seu caráter amador não atingem a dimensão desejada embora tenham qualidade. A associação tem feito algum trabalho nesse sentido na sua página e no programa Bola na Rádio embora considere que o mesmo apesar de recente não tem o efeito e o foco desejado pretendido para o nosso futsal. Penso que a criação de uma plataforma que agregasse uma colaboração conjunta de todos fosse o caminho embora perceba a dificuldade. Os jogos das formações têm que ser mais visíveis e divulgados e não exclusivamente o campeonato de seniores. Falta colaboração e discussão dos assuntos entre todos os clubes.".

8- VF: O que falta para esse meio de entendimento?

CS: "Penso que pelo tempo que as pessoas dedicam aos seus projectos e visto que falamos de um caráter totalmente amador poderá trazer alguma fricção entre ambos os interesses. Mas cabe principalmente à entidade que gere as competições promover esse diálogo e fazer o esforço para proporcionar condições para que este se realize. O Fórum Desportivo que se irá realizar em Elvas é também bom exemplo do que se poderia realizar mas com o futsal em foco.".

9- VF : Não acha que se isso acontecesse poderia perder a essência de neutralidade e os pontos menos favoráveis seriam esquecidos?

CS: "Falo apenas da promoção e proporcionar de condições, não de conduzir a discussão pois isso seria sempre para os clubes e entre os clubes. A intervenção da Associação poderia e deveria ser posterior após o consenso entre os clubes das medidas a tomar.".

10 -VF: Como é possível conciliar os horários de trabalho, vida familiar e "Os avisenses"?

CS: "Penso ser essa uma das maiores dificuldades e transversal à maioria na minha situação embora considere os Avisenses um caso singular pois começamos literalmente do nada, com dívidas pendentes e processos por resolver...seria fácil criar um novo clube mas nunca passou pela cabeça e escolhemos o caminho difícil. Não foi fácil no plano familiar porque abdiquei de muito muito tempo que poderia estar em família como todos os outros. Foi preciso muita compreensão e um amor incondicional para que tudo se conciliasse porque era impossível à maioria perceber o porquê de tanto tempo dedicado a um clube sem qualquer contrapartida... hoje já consigo gerir juntamente com a minha família as coisas de outra forma e estando elas envolvidas em varias atividades e adquirindo pelo clube um carinho especial fica mais fácil e conseguimos ter muito mais tempo em família em casa e nas diversas atividades do clube. Houve momentos que tudo era gerido por uma ou duas pessoas o que tornava quase impossível a continuidade do projeto mas foi possível criar um núcleo que gosta verdadeiramente da promoção da atividade física em geral e apesar de ser um número reduzido é comprometido e com verdadeiro sentido de responsabilidade. As verdadeiras responsáveis pelo que temos hoje também são anónimas mas tudo só foi possível graças à minha mulher Filipa Vassalo e às minhas queridas meninas Joana Sabino e Filipa Sabino que ajudaram ao concretizar deste pequeno sonho. Temos uma equipa na direção que se manteve desde o primeiro dia até hoje e que também merece a minha gratidão sobretudo o Miguel Gormicho, Rui Garcia e a Ana Narciso. Continua a ser desgastante e exigente mas o gosto que se tem pelo clube e a modalidade são a força energética que permite continuar.".

11- VF: Que palavras quer deixar a todos os sócios, adeptos e simpatizantes d'"Os Avisenses" e consequentemente aos nossos leitores?

CS:"A todos os sócios e simpatizantes do clube desde já agradecer todo o apoio incansável nestas duas épocas e que fazem de vós os melhores adeptos do nosso distrito. Não faz sentido olhar para trás e pensar no que poderíamos ter feito melhor mas sim com o vosso apoio que estejamos mais unidos dentro e fora do pavilhão. O clube quer e tem necessidade de crescer. Vamos cimentar o amanhã com a vossa ajuda para que perdure para os mais pequenos e para os que virão. Por vezes uma pequena ajuda mesmo que pareça fútil pode fazer muita diferença. Bem Hajam!
#RaçaAvis #EmFrenteAvisenses #UmClubeVáriasModalidades

Dar os parabéns á iniciativa da VOZES FUTSAL que só peca por tardia e esperar o contributo de todos para que possamos melhorar o que temos de bom e corrigir onde se tem errado.".


Em nosso nome agradecer a disponibilidade em aceder a esta conversa. Sem dúvida que "Os Avisenses" estão dotados de colaboradores de qualidade.
VozesFutsal

2 comentários:

  1. Parabéns pela iniciativa e pelo trabalho em prol do futsal, a família agradece.
    Espero que persistam e podem contar com a nossa ajuda.

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  2. Nós agradecemos e estaremos atentos aos vossos êxitos, pois sendo vossos são igualmente nossos

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